segunda-feira, 16 de julho de 2007

De verdade

Um pássaro passou na frente do sol
E escureceu o dia por um segundo,
Foi namorar.
A poesia quem faz é a vida, não o poeta.
Ontem mesmo foi embora
Hoje já não existia.
Seria uma cotovia?

De mentira

Cada verso
Um verso
Que canta
Uma dor
Bem escondidinha
Cá dentro
O processo é assim:
Engravida-se,
Sangra-se,
Pare-se e
Esvazia-se
(se engana).

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Da criação

Senta-se à espera daquilo que não é. A vida apresentou-se de repente como coisa que não alcançava. De dar medo, de escorregar por entre os dedos.
Ela foi então cuidar das plantas, mexer a terra, entregar-se às origens. Pra poder se encontrar novamente com o que não soube ter. Para que pudesse saber mais uma vez da vida e da morte.
O que se pode pegar da terra tem de ser muito respeitado. Quem ensinou foi dona Maria. Era pra prestar atenção que não precisa chorar pra passar a dor, pois serão lágrimas mentirosas. Porque talvez nem ao menos haja dor.
E porque conseguiu esperar, ela soube da natureza mais fundo. Que o fogo é pra rezar, a terra é pra pisar e a planta é pra curar.
A luz do sol veio clareando o dia de mansinho. Foi iluminar mais um sorriso de menina.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Às escondidas

Sangra,
em algum lugar
a dor que
gostas de sentir.
E ninguém sabe.