quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Da segunda eternidade

Eu tava precisando chorar de poesia.
Dizia sempre isso pra ela.
Mas ninguém entendia a cor da minha lágrima.
Morreu...suave.

domingo, 7 de dezembro de 2008


O resto das tardes...

Tenho sentido um amor esquisito por coisas pequenas.
Brotou em meu peito uma saudade chata de infância
inacabada.Talvez o resto daquele gosto de tardes
inteiras de molho numa água suja e sagrada.
Habita em mim um Deus que me pede licença
pra falar de coisas que às vezes custo a compreender.
E agora, ao ouvir sua voz de menino, começa a nascer dentro
de mim um mar grande e azul.
Nele eu me entrego, me afundo e me renovo.
A cada dia, fico mais esquisita.
Tenho medo de não suportar o peso da vida
nessa beleza de flores.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Lembrança

Às vezes, mentindo, me esqueço do seu rosto.

Do amor

Quero te respirar.
É bom quando se toca
música, ouvido, canto, paixão.
Gosto quando se acabam
as coisas todas no chão.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

tudo

Aquela chave era pra abrir
Que portas?
Que lugares?
Procurava cega alguma coisa que não existia.
Com a chave nas mãos e a cabeça nas nuvens.
Era pra olhar de frente, mas a frente...
Tava muito longe dos meus pés.
O frio da barriga gelava o verão tão esperado.

As palavras jorram, inundam a minha alma.
Elas vêm aos montes,
Fazendo festa no meu estômago,
Acompanham cada passo, cada gesto.
Era preciso aceitá-las
Como companhia eterna de noites acordadas
Era preciso comê-las, lambuzar a boca de palavras doces,
Amargas.
Aquela chave abriria pequinina fechadura
Que nunca mais seria igual.

DUelos

Às vezes a simplicidade não me basta.
Daí eu quero subir em montanhas, nadar no rio,
Correr sem parar, cansar o corpo, esgotar a cabeça.
A simplicidade me pega pela mão,
mas ela não me espera e nem eu.
A gente se faz de conta.
Ela visita meus sonhos, mas vem desmentida
Vem cheia de cores, símbolos.
E nunca é o que pensa ser.
Nesse duelo entre saber e morrer
Sempre resulta alguma coisa
Que não cabe em poesia, nem em sonhos e nem em árvores.
Não encontro as palavras porque de tão simples.
Não consigo tocá-las.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

domingo, 14 de setembro de 2008

Da eterna embriaguez da alma

É como se o tempo parasse e dissesse: Respira.
Sente a vibração do caos infinito à espera da tua força.
Então, como há muito não se sabia, a velha sábia acolheu enfim sua filha virtuosa.
Dentro de cada um há uma dor, uma saudade. É bom estar na companhia da saudade.
É preciso estar sempre voltando pra casa.
Entrar em contato com a natureza, o selvagem.
Enxerga a tua energia e a tua beleza para que não te afogues no mar de angústias que abate sobre os homens.
Enxerga a vida que brota da tua mão e das tuas entranhas. A real possibilidade do amor.
Não esperes o cansaço pra acordar. Há sempre cantos, caminhos, possibilidades.
Basta usá-los com discernimento para que deles colham-se frutos de expansão.
E, acima de tudo, não há lugares aonde não se possa ir. Basta descobri-los.

Londrina, 2005.

sábado, 6 de setembro de 2008

Da pele

Eu tive vontade de atirar palavras no fogo,
Mandar benzer a pouca fé que me restou no peito.
Andar de nariz escorrendo e roupa rasgada.
Tive vontade de acabar com o lirismo fosco
dos meus olhos.
De me atirar na brisa leve dos cabelos de anjos.
Eu tive vontade de amar e morrer.
Eu tive vontade de esperar milagre,
De fazer mandinga,
De tomar cachaça e fumar tabaco de preto véio.
Eu tive vontade de mulher.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Gestação

Tem uma poesia crescendo dentro de mim...

terça-feira, 26 de agosto de 2008

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

...recortado

Paro diante de mim e já não sei o que faço com meu pouco dinheiro,
minha falta de amor, meu corpo cansado.
Já não sei se fico aqui, se me vou pra sua casa, se me sangro,
deixo-me só.
E aí procuro não pensar demais em nada, em tudo.
O que me faz de mim um pouco mais sóbria depois de horas a fio.
Parece que me esqueço de nós. Parece que me esqueço de mim.
Por fim, vou me parecendo com o que é humano, até fechar os olhos e sonhar novamente um sonho grande que dura a vida toda...
Acordar.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Cactos

Só a água limpa, só o vento assopra,
só a chuva cai, só o amor constrói.
Só, no dentro de mim, só eu.
Nem sol, nem chuva, nem flor, nem luz, nem ar.
Até faltar o fôlego e chover água salgada do meu olho.
Onde chorar coração de alma lavada pra poder
colher o que se planta quando a terra é seca?

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Da eternidade

-Mãe, eu quero morrer poesia.
- Tá doida menina, vira essa boca pra lá.
Desassustada da vida, ela morreu
e sangrou seu último gole de cachaça na boca da noite.

domingo, 20 de julho de 2008

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Eu, passarinho

Engoli um bem te vi.
Agora ele avoando dentro de mim
Faz um frio na barriga
Faz parecer que tô apaixonada
O tempo inteiro.
E desde então,
Disparei a cantar, Dia e noite,
E me aconteceu uma mania estranha
de acompanhar a lua,
mas ele não me ensinou a voar.
Então eu choro, ele ri.
E ela continua toda beleza lá no céu.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

domingo, 13 de julho de 2008

E faz frio em mim

Bom seria se as angústias
fossem embora com a sujeira do corpo.
Como se a cada banho surgisse nova alma, novo sonho.
Agora tenho o corpo limpo, mas tenho um dia triste.
E as minhas angústias continuam sendo à prova d´água.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Das Dores

De tantos amores,
acabou amando sozinha.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Saudade

Do cheiro do verãoDas noites da minha infância
Era um cheiro morno, doce. Às vezes, já moça feita
Ele me vem à lembrança. E como é bom senti-lo
Novamente em meio à confusão da vida crescida, volto a ser livre
Como era quando criança, onde minha maior
Alegria era sentar na calçada em frente minha casa
Ou da casa dos vizinhos e ficar estendida Por horas.
A liberdade não é nada mais do que isso,
Do que o cheiro das noites de verão de minha infância,
Com o céu lotado de estrela, as cigarras explodindo de cantar ao pôr do sol,
E as pessoas sendo tão humanas que se sentiam felizes.
E eu sei que naquele momento existia também amor na sua forma mais gostosa.

terça-feira, 24 de junho de 2008


Caso de amor

Tristeza chata, pouca, amarrotada.
Que me corta as peles e o lençol
De dar nós no emaranhado dos meus fios.
No firme remelexo dos quadris.
Sólida, fria, cansada.
Tristeza sem fim,
Senhora das misérias,
Das noites geladas.
Tristeza inacabada, rouca, fiel.
Tristeza enamorada.
Que se demora em minha cama,
Devora minha calma, minha lama.
Minha falta de amor.
Atrevida.
Deita no meu colo e se estica.
Vai logo companheira,
Que eu demoro pra passar.
Sai das minhas costas,
vai pesar noutro lugar.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Boa noite

Tem gente que gosta de dormir.
Outras gostam pouco.
De doer também, de suar,
de sonhar, de babar.
Tem gente que gosta,
eu prefiro sangrar...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Dos tempos idos

Sentirei saudades do que passa pela vida. Das pessoas, das passagens, dos enfeites, Dos bois, das luas, das Rosas. E no meio do roda-moinho gigante do mundo, verei que tudo é ilusão. Mas duma ilusão tão boa Que chega a ajuntar lágrima nos óio. Lágrima doce de amor.
Lágrima de terra. E porque é preciso viajar, Correr mundo, ver gente, Sentir tristeza e alegria A gente faz da vida nossa Um lugar bonito.
E vez em quando até coloca um bocado de tinta na cara,
um laço gordo nos cabelo...
Vez em quando, coloca roupa de domingo E toca música bem mansinha.
Vez em quando, a saudade faz um bem danado. Que dá até vontade de partir
Pra guardar no peito O sentimento do mundo todo...


segunda-feira, 12 de maio de 2008

Nascimentos

Gosto das coisas como as flores.
Perfeitas, bonitas.
Gosto das coisas como a lua.
Gorda, pomposa.
Como as crianças,
cheias de nada.
Então olho pro céu
e vejo cada estrela
como um estado de espírito,
um estado de música boa,
de sentir e de sonhar
cada palmo de chão.
Gosto de fugir rapidinho
prum lugar que existe
só dentro de mim.
E quando volto,
troco de olhos e de mundo.
Às vezes gosto de respirar.

Os dizeres

Cansei
Quero que se fodam
Maritza montero
e suaPsicologia comunitária
Freud e sua psicanálise,
Roberto Freire
E seu tapa olho anarquista
As relações interpessoais,
O significado do trabalho,
A saúde mental
As análises esquizofrênicas
O resgate da identidade,
As pulsões e os impulsos
Mal comidos.
Que tudo se exploda.
E vá pra onde Nietzsche quiser,
Antes que Deus o mate
E não sobre nem uma filosofia
Pra tampar a fome dos desgraçados.

terça-feira, 6 de maio de 2008

De frio e estrelas

Então o céu tava tão bonito...
que eu me esqueci de dormir.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Pássaro Paz

Passa o pássaro do passado
na janela de minha alma.
Avoa passarinho,
que eu vejo seu vôo lindo
balançar sua asa leve.
Avoa passarinho.
Que eu abro a janela
pra vosmecê dançar no ar.
Repousa passarinho.
Que meu coração agora
é só surpresa e assobio.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Das cores

Quando construí minha casa não pensei nas tristezas que se iriam espalhar pelo chão. Devia tê-la feito redonda, que é pra não guardar mau-olhado. Agora coloco flores em todos os cantos. Rosas, brancas, amarelas, vermelhas. Um pouquinho de cada cor. A gente nunca sabe a intenção do olho que nos olha.

Brilho doce

Bom demais é ver pedacinho de lua, quando ela aponta formosa. Alumeia de mansinho. Mas pra menina moça ficar feliz não precisa mais que nada. Ela aconchega seu fardo no colchão, fecha os óio e dorme firme. A manhãnzinha que chega, é toda saudade da noite que passou. Devagar, ela vai embora.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Mesmo que seja o poeta um fingidor.
Escrever sempre nos causa
um medo,uma paixão, uma dor.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Enfim

Era como se pudéssemos,
num átimo de perversão do mundo,
desatar os nós
das mãos e gargantas.
E saber que ao menos
uma única vez,
era preciso amar
como se fosse
a última escolha possível...
(Doer).

sábado, 1 de março de 2008


RIOZINHO

Atrás da minha casa
Passa um riozinho
Da água da cor do barro
e do caminho estreito e comprido.
Ali correm dores e amores
de tempos esquecidos.
É pela simplicidade
que ele se faz tão vaidoso
e gostoso de olhar.
Leva em suas águas
lamentos de almas
Que por ali passam a rezar
E não cansam de cruzar
um destino que acabará
Debaixo da terra
E no leito do mar.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Uma esperança

Sentia no fundo um medo que era comum a toda alma. Ela achava que pensar no seu medo faria com que ele acontecesse antes. Então, tentava não pensar. Não conseguia.
Dentro do peito sentia um sentimento de choro sem graça e de sorriso forçado. Talvez um não-sentimento de tudo. O que fosse pior.
Era preciso, mais do que nunca, fechar os olhos e esquecer. Por isso tinha na palma das mãos a força da vida toda.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Apegos

Então eu descobri
Que meu coração
gosta de música
E de saudade.
E que a música vem da alma
e a saudade, do corpo.

Reencontros

Era preciso chorar
o resto da minha dor.
Porque adormecida,
não se acaba.
É como se a chuva
molhasse uma árvore já seca,
sem folhas, sem flores,
mas que ainda vivia.
Gota por gota,
as lágrimas da chuva
caíram em minha saudade.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008