quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dos infinitos

Letras cabem nas palavras.
Letras são azuis quase sempre.
Ajudam a pintar os vazios e clarear os pensamentos.
Tantos confusos se perdem,
se acham, se trombam em tempestade.
Desaba chuva de palavras,
Sentimento aduba o frio.
Tenho um vestígio azul do infinito em minhas mãos.

domingo, 14 de novembro de 2010

Outro jeito de escrita

Escrevo mesmo desse jeito. Queria ter sido uma escritora rústica, de tempos antigos, onde se usava canetas de pena, canetas-tinteiro e luz de velas. Aí sim era o puro gosto da poesia, a energia das linhas e dos pensamentos escondidos. A escrita sagrada que vinha das almas de amantes poetas, loucos, bêbados. Hoje eu e outros tantos imbecis contemporâneos escrevemos assim, nessa tela fria, em frente a milhares de informações que nos atingem feito tsunamis. E ainda nos ousamos poetas. Não temos mais o sentimento bucólico, a dor intrínseca de cidades pequenas, mal iluminadas. Não sabemos mais o gosto do leite que chega com o menino abrindo as manhãs: “Ó o leeeite”. E a gente saía coma as latas nas mãos, e as enchia com o fresco, com o amor do leite da manhã. Cotidianamente, vamos nos esquecendo de bons dias, boas noites. E ainda nos ousamos sábios, porque temos o mundo em nossas mãos, porque diariamente tentam nos convencer de que todos necessitam de informação e tecnologia.
Eu preferia o cheiro da bosta do cavalo quando passava em frente a minha casa, comia capim e lá deixava seus rastros. Muito mais me agradava do que toda essa fumaça automóvel que intoxica meus nervos, minha pele. Hoje é necessário correr, driblar, trabalhar, digitar, editar, copiar, colar. E em meio a isso tudo, penso que precisamos urgentemente de uma caneta-tinteiro.