quarta-feira, 11 de julho de 2007

Da criação

Senta-se à espera daquilo que não é. A vida apresentou-se de repente como coisa que não alcançava. De dar medo, de escorregar por entre os dedos.
Ela foi então cuidar das plantas, mexer a terra, entregar-se às origens. Pra poder se encontrar novamente com o que não soube ter. Para que pudesse saber mais uma vez da vida e da morte.
O que se pode pegar da terra tem de ser muito respeitado. Quem ensinou foi dona Maria. Era pra prestar atenção que não precisa chorar pra passar a dor, pois serão lágrimas mentirosas. Porque talvez nem ao menos haja dor.
E porque conseguiu esperar, ela soube da natureza mais fundo. Que o fogo é pra rezar, a terra é pra pisar e a planta é pra curar.
A luz do sol veio clareando o dia de mansinho. Foi iluminar mais um sorriso de menina.

Um comentário:

marli disse...

Que lindo o que vc escreveu. Vc tem sensibilidade...
Continue amando a terra, pois dela é que tiramos nosso alimento. Abençoado seja quem , quem nela planta , quem dela colhe quem dela cuida.
...Forjar do trigo o milagre do pão/ e se fartar de pão...
Um grande beijo, minha querida